Gargalhadas

23 de fevereiro de 2008

Papá e Mamã

Pensei, pensei.... e decidi que se não fossem estas duas pessoas eu não estaria aqui por certo (eu sei Sr. Zorze que não é bem assim mas não compliquemos mais, para si tive muita sorte em ter "caído" nesta casa) então vou dedicar a minha primeira "homenagem" a eles.
Os meus "papis" são de terras bem distantes a mãe de Miranda do Douro mas veio pequenina para o Barreiro (dizem que o meu avô não gostava muito de trabalhar e então a minha avó veio para cá fazer vida com as filhas), o pai é da Republica Democrática do Congo (antigo Zaire) veio para Portugal quando a guerra começou a apertar e para poderem salvar a sua própria pele vieram para cá (o meu avô era português) quando regressaram foram para a Sertã (terra do meu avô paterno) mas como o trabalho lá era escasso ele veio para o Barreiro.
Como se pode concluir eles acabaram por se conhecer, é uma história engraçada por isso vou resumi para vos contar, a minha avó (materna) trabalhava num supermercado perto da casa dos tios do meu pai (onde ele foi viver quando veio para o Barreiro e só saiu de lá para casar) ele começou a namorar uma amiga da minha mãe mas como ele era um pouco mulato o pai dela não aceitava o namoro, e o meu pai começou a deitar o olhinho para a minha mãe... e imaginem onde eles se encontravam com frequência (sem ser no supermercado)na igreja pois iam os dois a mesma missa... e pronto as coisas começaram a aquecer e decidiram casar...e comprar casa na Baixa da Serra (Baixa da Banheira).
A vida era complicada eles pagaram o casamento com o subsídio de férias e de natal do meu pai ( que na altura era 18 contos) não houve dinheiro para mais nada... nem lua-de-mel... nada, o que houve foi começar a trabalhar logo a seguir.
Pouco tempo depois de terem casado descobrem que a cegonha os vinha visitar...(eles dizem que foi na noite de núpcias mas pelas minhas contas foi 15 dias antes... risinhoss) contam que foi uma festa pelo menos para a família paterna porque ia ser a primeira sobrinha, neta e bisneta... mas eu vim estragar os planos de muita gente, naquele tempo não se fazia ecografia com a regularidade como é agora e ninguém sabia o que ia nascer (pelo menos os meus pais não saiam) mas apostavam muito forte num menino, tão forte que só existia roupinha azul e amarela, rosa nada... e sai eu para estragar as apostas...lolol..
Pouco tempo depois a minha mãe teve de voltar ao trabalho, o dinheiro era pouco e quanto menos se trabalhasse menos se ganhava (anos 80).
Seis anos depois os meus pais acharam que a vida estava a compor-se um pouco e pensaram em me dar um mano ou mana para não me sentir sozinha, depois de tentarem a minha mãe é novamente abençoada com a maternidade o espanto é quando souberam que existia uma promoção "pede um... leva dois" pois é a minha mãe desmaiou quando fez a ecografia em que lhe disseram que iam ter gémeos. A Vida a partir dai complicou-se um pouco pois pensava-se que era só mais uma boca e vieram duas. Um mês depois de os meus irmão nascerem a minha mãe sofreu uma grande perda, a minha avó materna morre depois de ter entrado dias antes em coma por causa dos diabetes. Como a minha mãe era madrinha do seu irmão mais novo teve a responsabilidade de o querer perto de si e também havia sido sempre a vontade da minha avó (ela não queria que ele fosse viver com o pai, é uma outra história grande) então passamos a ser 7 pessoas em casa (eu os meus irmãos, os meus pais, o meu tio materno e o meu tio paterno), grande família... as coisas foram correndo mas como podem imaginar não foi muito fácil... anos mais tarde os meus pais não conseguiam fazer frente ás despesas e decidiram entregar a casa para poderem dar de comer aos filhos e mudaram-se para casa da minha avó que estava fechada.

A partir dai as coisas foram correndo mas sem grandes novidades a vida foi melhorando aos pouco... as nossas férias eram passadas lá na terra pois eram mais económicas e sempre aproveitávamos para estar com a família...

O tempo foi passando e desta vez quem sofre uma grande perda é o meu pai com a morte do meu avô. Nesta altura o meu pai, apesar de ter 5 irmão sentiu-se na obrigação de olhar pela mãe que nunca recuperou muito bem a perda do seu companheiro de tantas lutas, com esta perda a saúde da minha avó foi-se degradando (talvez fosse a sua doença já a falar) e acabou por vir para o Barreiro fazer tratamentos aos joelhos onde mais tarde foi operada a um... ai terminou tudo... ela não morreu mas a doença apoderou-se dela e ela está acamada há 8 anos, e na nossa casa, claro que a nível monetário a estabilidade dos meus pais nesta fase das suas vidas é outra mas é como se costuma dizer mal se sai de uma entra-se noutra, isto é a vida monetária está melhor mas temos uma pessoa que precisa muito de nós, pois ela já cuidou muito bem de nós e devemos-lhe isso.

Há uns 4 ou 3 anos é que eu comecei a ver os meus pais ir de férias... é verdade ao fim vinte e tal anos de casados é que têm férias... férias sem filhos sem trabalhos com tempo só para eles. Acho que eles merecem e mereciam-no muito mais cedo, mas nem sempre as coisas são como queremos, e eles agora aproveitam para viajar, conhecer novas terras e também namorar, só tenho pena de não lhe poder proporcionar mais saída e viagens... pode ser que um dia consiga.... Depois desta longa história só quero que saibam que são duas pessoas muito importantes na minha vida, que cada vez tenho mais orgulho por ser vossa filha, sempre me deram a atenção que poderiam e tudo o que podiam dar para me fazer feliz, não posso esquecer que também me têm dado, e espero que continuem a dar por muitos anos, uma grande lição de vida pois não me meteram, nem aos manos, numa redoma de vidro muito pelo contrario têm-nos ensinado e preparado para a dureza da vida.


P.S.: estas fotos são das suas ultimas férias numa passagem por Valença do Minho

Beijinhosss e Abracinhos Fofinhoss

2 comentários:

Nas Asas de um Anjo disse...

Eu tenho o privilégio de conhecer os teus pais e sei que são pessoas muito simpáticas e que têm três filhos muito especiais. Mas como só posso falar de um deles... falo de ti! És a filha que qualquer pai adorava ter... fazes tudo por eles e eles por ti, não se pode deixar de o dizer. Vê-se que gostas muito deles miga e deve ser mm assim... são os nossos pais, quem nos trouxe ao mundo e apesar de muitas vezes não estarmos de acordo com o que eles nos querem dizer... isso não será razão para não gostarmos deles, pois só querem o nosso bem e que sejamos felizes. Tu sabes que é assim :)

Estou a gostar muito desta tua nova faceta amiga e espero que continues, tens muito jeito!!

Beijokinhas

Anónimo disse...

Cara Amiga, muito bonito.

Depreende-se pelas tuas palavras que tens Pais guerreiros e que nunca baixaram os braços perante as adversidades da vida.

Beijos,
Zorze